O romancista Ondovato nasceu quando o jornalista Edson Nascimento tomou a insana decisão de viver de Literatura no Brasil. Anunciou o veredito em concílio familiar no primeiro refresco da pandemia de Covid-19. A reunião, que tinha tudo para ser um mar de abraços, uma celebração de reencontros, tornou-se uma tertúlia rumorosa em que não faltaram palavras de baixo calão e dedos em riste. A mãe, no calor da hora, deserdou-o; o irmão, sempre um poço de sensatez, tentou de todas as formas demovê-lo da ideia; o filho mais velho apresentava artigos e números, demonstrando a inviabilidade financeira da escolha; a filha, em desespero, chorava copiosamente com os joelhos afundados no sofá; o caçula teve um acesso de riso e rolava pelo chão. Mas não houve argumentos que o tirassem daquele prumo.
Ondovato é paraense, nascido em Belém, e retrata com maestria cenários tipicamente brasileiros em narrativas recheadas de insinuações e humor satírico.